Wednesday, June 17, 2009

Rapunzel solteira

Hoje sinto-me solteira. Não solteira de "solta", mas solteira de "só". Solteira como Rapunzel no alto da torre, cansada da espera a pensar ainda nos dias vazios à sua frente. Claro que a Rapunzel é um pouco idiota. Podia tentar fazer uma escada com os seus lencóis ou derrubar a bruxa má quando esta lhe trouxesse o almoço - não devia ser muito difícil...Depois cortava a trança e fugia pelos campos em busca do seu princípe. Se tivesse a sorte de o encontrar...mas estou a divagar.
Hoje sou solteira "só", como o número 3, ímpar. Solteira "só" de querer dar a mão a alguém na rua, comer do mesmo cone de gelado ou de ligar a alguém antes de ir dormir. E não poder. Solteira "só" de sentir ser a única em toda a cidade, em todo o país, em todo o mundo!
Por vezes também sou solteira de "solta". Solta de fazer o que quero, de sair com quem quiser, de dizer o que me apetece e de vestir as coisas mais ignóbeis sem que ninguém comente.
Mas hoje sou somente solteira e só. Solteira "só" de Rapunzel idiota...

Monday, June 15, 2009

Bem, para quebrar o gelo do nosso blog, decidi postar para ver se o resto da malta ganha coragem :). Andei para aqui a pensar o que poderia aqui pôr, e decidi-me por um dos textos que escrevemos no Workshop. Não querem pôr um também??
Aqui vai: O estímulo era: Quando eu era criança.

Quando eu era criança os pardais caíam pela chaminé da cozinha e eu gostava de os apanhar para brincar com eles às casinhas.
O meu avô dizia:
- Rapariga, o pardal é bicho de liberdade, não é brinquedo, assim que se sentir enclausurado morre.
E morreram, muitos.
Fui durante muito tempo uma assassina de pardais.
Depois enterrava-os em caixas de fósforos, no quintal da vizinha. A determinada altura o meu avô teve a ideia de pôr umas cruzinhas em fósforos usados para assinalar as campas. Foi quando o quintal começou a parecer um cemitério que eu me apercebi da monstruosidade do meu acto e chorei mais de uma hora na manga da camisa do meu avô.
Perguntei-lhe:
- 'Vô, como é que salvo os pardalinhos que me caem da chaminé?
E ele ensinou-me a pegar-lhes, de forma a conseguirem soltar-se facilmente e a mandá-los novamente para cima do telhado.
Foi assim que descobri a liberdade dos outros.

Carlota